As greves dos metalúrgicos de São Paulo, do ABC, e dos canavieiros de Pernambuco são algumas dentre as que se incluem no grande ciclo de greves que se espalharam pelo país no terço final do período da ditadura militar, entre 1978 e 1985, e tiveram continuidades posteriores. Este livro, ao apresentar os primeiros resultados do projeto “Movimentos Cruzados, Histórias Específicas” (edital CAPES/2015/Memórias Brasileiras-Conflitos Sociais) abre uma linha de pesquisa que propõe a comparação entre práticas de lutas por direitos exercidas por trabalhadores urbanos e trabalhadores rurais . Dentre vários episódios exemplares de lutas do povo brasileiro selecionados para terem um lugar importante na memória transmitida entre gerações figuram certamente os das greves dos metalúrgicos de São Paulo (e Osasco e Guarulhos) e do ABC paulista, dentre os operários urbanos, por um lado; e por outro as greves dos canavieiros de Pernambuco (e Paraíba e Rio Grande do Norte) no final dos anos 70 para a década dos 80. A escolha das categorias de grevistas visa privilegiar a comparação entre o sindicalismo de trabalhadores numa situação urbano-industrial e numa situação rural para se ter uma ideia mais ampliada das lutas de dois setores importantes das classes trabalhadoras brasileiras desde que o direito à sindicalização foi estendido ao campo em 1963, trinta e dois anos após sua vigência na cidade, quando da decretação da lei de sindicalização de 1931. A comparação é assim uma oportunidade de analisar recorrências e diversidades entre esses setores.
Obra premiada com o Prêmio ANPOCS de Melhor Livro (2020).